quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O Brasil de todas as crianças

Tendências e debates - O Brasil de todas as crianças

Dilma prometeu milhões de novos postos de trabalho, mas argumentou, com propriedade, que é preciso capacitar nossos estudantes

ARNALDO NISKIER - Folha de S. Paulo (SP)

Dilma Rousseff, ao receber 55,7 milhões de votos, assumirá a Presidência da República com um forte compromisso, patente nos últimos debates dos quais participou: "Não desejo um país excludente. Quero o Brasil de Todas as Crianças".
Aprendi com o velho Barão de Itararé que "a teoria, na prática, é diferente". Vamos agora para mais quatro anos de governo, com a natural esperança de que as promessas possam ser cumpridas, até porque elas não foram muito excessivas no que tange à educação.
Dilma foi insistente na ideia de que o professor deve ser valorizado sob duplo aspecto: bons salários e formação continuada. "Eles merecem pagamento digno e suas reivindicações não podem ser resolvidas na base do cassetete", disse.
Não estabeleceu qual será o novo piso nacional do magistério, mas deixou claro que o governo federal deverá completar o que os Estados (alguns) não fazem, ficando aquém do salário legal.
Para isso, há necessidade de recursos, e aí surge a necessidade de aumentar a participação da educação nos percentuais do PIB. Os atuais 4,7% são insuficientes para a demanda, recomendando-se algo em torno de 7%.
Como se viu em toda a campanha, Dilma não tem nada de amadora. Conhece as artimanhas do governo e sabe que precisará contar com o grande apoio do Congresso Nacional, onde, com o PMDB e outros partidos aliados, certamente terá maioria -inclusive para cobrar das universidades cursos de pedagogia mais qualificados e o aperfeiçoamento do Enem, respeitada a autonomia das instituições.
Seu ponto mais exposto foi, certamente, o ensino técnico. Defendeu a profissionalização integrada ao ensino médio regular.
Prometeu milhões de novos postos de trabalho, mas argumentou, com propriedade, que é preciso capacitar adequadamente os estudantes: "Vou construir novas Escolas técnicas, em municípios com mais de 50 mil habitantes, além de aumentar o número de bolsas do ProUni para estudantes de renda baixa e média".
Prometeu, ainda -e com toda razão-, construir 6.000 Escolas para a educação infantil, tão descurada em nossa sociedade: "Quero ver creches em todos os Estados!".
Dilma também entende que se deva universalizar o emprego da internet (banda larga) nas Escolas públicas. Conseguirá isso com eficiência e a necessária manutenção? Vencerá o desafio da erradicação do analfabetismo?
São planos generosos, que servirão de um seguro roteiro de cobranças a serem feitas. Serra dizia que "a educação é o futuro". O povo brasileiro, democraticamente, manifestou sua preferência por Dilma.
Caberá a ela, com toda a nossa expectativa, o esforço de melhoria dos nossos indicadores. O país não poderá prosperar com uma educação que, em termos de qualidade, ainda deixa muito a desejar. Que Deus a proteja!
ARNALDO NISKIER é doutor em educação, professor de história e filosofia da educação, membro da Academia Brasileira de Letras e autor do livro "A Hora da educação Profissional", editado pelo Ciee/ Rio de Janeiro.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

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http://www.todospelaeducacao.org.br/comunicacao-e-midia/educacao-na-midia/11612/tendencias-e-debates---o-brasil-de-todas-as-criancas
Fonte: http://www.todospelaeducacao.org.br/

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