domingo, 30 de janeiro de 2011

Contas Abertas: Presidência contrata carretas “cegonha” por R$ 28 mil


Carrinho de Compras: Presidência contrata carretas “cegonha” por R$ 28 mil


A Presidência da República decidiu contratar nesta semana pelo menos três caminhões carretas tipo “cegonha” para transportar 39 veículos leves. Na diversificada relação de automóveis que serão carregados, constam, por exemplo, Meganes, Mareas, Doblos, Palios, Astras, Kombis, dentre outros. A nota de empenho (documento que comprova a reserva de recurso no orçamento) não traz muitos detalhes sobre o destino da carga, mas aponta como percursos as cidades de São Bernardo, Brasília, Florianópolis e Porto Alegre. A transportadora deverá receber cerca de R$ 27,7 mil pelo serviço.
Outra curiosidade da semana na Presidência foi a contratação de interprete oficial para as audiências da presidenta Dilma Rousseff com autoridades estrangeiras. A profissional contratada será Letícia Cynthia Renée Garcia Fernández, que, por dominar as línguas espanhola e italiana, receberá quase R$ 60,5 mil pelo serviço. Mamma mia!
E no último dia 14 de janeiro, foi divulgada a foto oficial da presidenta Dilma Rousseff. Só na semana passada, no entanto, a gráfica que confeccionará as 12 mil cópias da foto que será afixada em prédios e salas da administração federal foi escolhida. O serviço custará cerca de R$ 8 mil. Ainda no maior órgão do Executivo federal, não poderia faltar um item conhecido como símbolo máximo da burocracia. Quase 3.000 carimbos, de diversos tipos, deverão ser comprados ao custo total de R$ 15 mil.
Enquanto isso, às vésperas da abertura do ano legislativo, a Câmara dos Deputados pretende comprar, por R$ 18,8 mil, novos porta-cartões para credencial de estacionamento. Já o Senado preferiu reservar R$ 140 mil para garantir o bom funcionamento dos eletrodomésticos da Casa. Pelo visto as coisas costumam estragar facilmente por lá.
Por fim, os gastos curiosos da Justiça brasileira. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) deverá comprar quase 50 tapetes personalizados, por aproximadamente R$ 15,8 mil. Além disso, o órgão ainda empenhou R$ 90 mil para o “pagamento de taxas de condomínios dos imóveis pertencentes à reserva técnica do STJ”. Já o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai pagar R$ 89 mil por 100 mil novos calendários, em papel reciclado. É isso aí. Não falta nada para começar os trabalhos judiciais de 2011.


Clique aqui para ver as notas de empenho citadas no texto.

Acesse o link e visite o site do Contas Abertas:
Fonte:

Fato irrelevante - DORA KRAMER

 O Estado de S.Paulo - 30 de janeiro de 2011


Terça-feira toma posse o Congresso eleito em 2010, que no mesmo dia elege os presidentes da Câmara e do Senado para os próximos dois anos, sem que a sociedade possa reconhecer a mínima relevância no fato nem consiga se identificar com o que ali se discute a respeito do início de uma nova legislatura.

O distanciamento não ocorre por acaso nem é fruto só da alienação de um povo despolitizado, pouco informado, insuficientemente educado: é principalmente produto do comportamento do Parlamento que se aliena da Nação e segue indiferente à gravidade da própria situação de fragilidade e desmoralização.
E qual é o cenário hoje, 48 horas antes da posse e da eleição dos chefes do Poder Legislativo? No Senado, José Sarney eleito por consenso pela quarta vez apesar de todos os conhecidos pesares. Debate, só entre os partidos para a divisão dos cargos na Mesa Diretora.
Na Câmara, a preocupação é que o deputado Sandro Mabel e sua promessa de construir um novo prédio para acomodar os gabinetes das excelências não atrapalhe a eleição do petista Marco Maia, já no cargo desde que substituiu Michel Temer depois da eleição do colega para vice-presidente da República.
Limita-se a isso a discussão, embora seja ampla a agenda necessária. Nenhum partido gasta um minuto com os problemas do Legislativo.
O PSDB, que saiu derrotado da eleição presidencial prometendo fazer e acontecer, no momento polemiza sobre um abaixo-assinado da bancada tucana na Câmara para a recondução de Sérgio Guerra à presidência do partido em detrimento de José Serra. Um monumento à irrelevância. A exceção é o minúsculo PSOL. Sem poder de influir, o partido elaborou um elenco de temas aos quais urgiria o Parlamento se dedicar.
Tem-se, então, que os "grandes" se dedicam a questiúnculas, enquanto o pequeno vai aos pontos.
São eles: 1. Recuperação da atividade legislativa como protagonista do Poder de representação popular; 2. Criação de uma agenda de trabalho para o primeiro semestre, incluindo a reforma política; 3. Fim da submissão ao Executivo, notadamente no que diz respeito às medidas provisórias; 4. Garantias de atuação para as minorias e respeito aos critérios de proporcionalidade; 5. Cumprimento estrito do regimento, sem atropelos de prazos e procedimentos; 6. Fixação definitiva de critérios para a remuneração dos parlamentares e da alta hierarquia dos outros Poderes;
7. Divulgação de todos os gastos, inclusive relativos à verba indenizatória; 8. Facilitação de acesso popular às sessões plenárias e de comissões; 9. Fim da "privatização" dos espaços internos da Câmara; 10. Proibição da posse de suplentes no recesso parlamentar; 11. Melhoria dos critérios de escolha e funcionamento das empresas prestadoras de serviços; para concluir, a mãe de todas as regras: 12. Rigoroso zelo pela moralidade parlamentar.
A esses podem ser acrescentados outros pontos, como os suplentes de senadores, e ainda não teremos completo rol de temas bem mais relevantes que a renovação de feudos e a consolidação de privilégios corporativos.
Risco zero. Dilma cancelou ida a inauguração de usina por causa de protestos dos ambientalistas. Antes havia cancelado o envio de reformas estruturais do Congresso por causa das dificuldades em aprová-las.
São dois atos distintos; o que os une é o esboço de um estilo avesso a enfrentamentos.
Ainda a serra. Geólogo, Lázaro Zuquette escreve para discordar de que as ocorrências na região serrana do Rio sejam um "case" digno de estudo minucioso. "Qualquer estudante de geologia sabe que a extensão da serra do Mar voltada para o oceano evolui devido aos escorregamentos e processos erosivos".
Cita como exemplo a ocorrência de 15 mil escorregamentos nas serras do Mar e da Mantiqueira entre 2010 e 2011, cuja maioria não atingiu pessoas nem bem e, portanto, não se caracterizaram como desastres.
E conclui: "O que aconteceu foi normal para a área, o anormal é que os administradores autorizam a ocupação urbana na região".
Acesse o link:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110130/not_imp672978,0.php
Fonte:
http://www.estadao.com.br/

A "canelada" e o dinheiro público

O GLOBO - 30/01/11 - Vivian Oswald e Fábio Fabrini


Faltam verbas para programas essenciais, mas sobram para fazer prédios suntuosos

Sem dinheiro para instalar um sistema de alerta contra chuvas e antevendo cortes até no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o país vive uma temporada de contradições orçamentárias que favorecem a elite do funcionalismo público nos três poderes. Embora tenha faltado verba para aplicar R$115 milhões em radares meteorológicos nos últimos dois anos, instalar varas federais no interior e melhorar a qualidade da saúde pública, entre outras prioridades, será pago R$1,2 bilhão só para construir ou alugar suntuosos prédios para órgãos como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Polícia Federal, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o Ministério da Cultura.

Na lista das despesas miúdas dos mais diversos órgãos, que também oneram as contas públicas, entram de latas de cerveja, chicletes de menta, bolas de futebol e até evento para afugentar o estresse de servidores.

O Orçamento da União, que em 2011 alcança R$1,394 trilhão, na prática só pode dispor de 10% para gastos que não sejam obrigatórios. O restante já está comprometido com a folha de pagamentos dos servidores, aposentadorias e programas assistenciais, além dos repasses obrigatórios, previstos na Constituição, para bancar Saúde e Educação. É, portanto, numa margem mínima de manobra que concorrem projetos faraônicos, de prioridade questionável, ao lado de investimentos indispensáveis para a população.

- É uma briga muito acirrada, mas de cachorro pequeno. Infelizmente, não há garantia de que seja racional. É a lei da canelada: ganha o mais forte, quem tiver mais poder político - resume o especialista em contas públicas Raul Velloso.

Aluguel, mesmo com prédio cedidoNa queda de braço entre os diversos órgãos da máquina federal, o Ministério da Ciência e Tecnologia bem que tentou, mas não conseguiu emplacar seu plano de radares para monitorar as chuvas, como revelou o secretário demissionário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento, Luiz Antônio Barreto de Castro. Por outro lado, sobrou dinheiro para a Anac se dar ao luxo de gastar R$76,2 milhões com o aluguel de um prédio inteiro em Brasília, mais despesas de condomínio, por cinco anos, quando poderia ocupar, de graça, imóvel cedido pela Infraero.

O BNDES vai gastar, até 2015, R$310 milhões para ocupar 23 andares em um edifício próximo à sua sede no Rio, que está em reforma. O argumento é que o orçamento cresceu, e a estrutura, criada há 30 anos para 1,7 mil funcionários, hoje reúne 2,6 mil. Já o Ministério da Cultura desembolsará R$90,3 milhões no mesmo período para locar oito andares em Brasília. Uma parte ficou desocupada por meses, mesmo após assinados os contratos.

Depois de reformar completamente seu prédio na capital federal, o imponente "Máscara Negra", a PF trabalha no projeto executivo de um novo espigão, a ser erguido no Setor de Autarquias Norte, cujo custo estimado, por baixo, é de R$250 milhões.

A máxima "fazer mais com menos", lançada pela presidente Dilma Rousseff, vale há anos para o Ministério da Integração Nacional. De 2004 a 2010, dos R$2,3 bilhões previstos para o Programa de Prevenção e Preparação para Desastres Naturais, foram gastos R$540 milhões (menos de um quarto).

A despeito dos gargalos e das deficiências de atendimento no Judiciário, o TSE vive um momento à parte: empenhou (comprometeu-se a pagar) R$458 milhões para a obra de sua nova sede em Brasília, com previsão de entrega no segundo semestre e que já estourou o orçamento.

Em outro braço do Judiciário, a Justiça Federal tenta, há décadas, reduzir o déficit de varas de primeira instância país afora, mas os recursos nunca são suficientes para suprir a crescente demanda. Embora sejam verbas de órgãos distintos, os gastos da obra do TSE cobririam a instalação e o funcionamento por um ano de 412 dessas varas.

Especialistas dizem que o Executivo tem pouco a fazer quando os recursos são repassados a outros poderes. E reconhecem que, enquanto alguns órgãos do governo vivem à míngua, outros não têm capacidade de gastar tudo o que receberam.

- A distribuição é só política. Não há espaço para planejamento. É como um orçamento familiar enxuto: como o dinheiro é pouco para todos, o pai dá a parte de cada dependente e diz: "toma e se vira" - compara Velloso.

As grandes contradições da execução orçamentária somam-se a gastos de pequena monta, por vezes inusitados, que oneram os cofres públicos. Nas despesas de custeio dos diversos órgãos, entra de tudo. Por R$1.224, por exemplo, o 4º Batalhão de Infantaria de Selva em Rio Branco (AC) comprou 1,2 mil latas de cerveja em 2010. No ano anterior, o contribuinte pagou a conta de 720 latas de cerveja para o Comando da 12ª Região Militar em Manaus (AM): R$2.185.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) pagou cerca de R$30 mil à empresa de representação que cuidou, em 2007, do evento para gerenciar o estresse de seus funcionários. Já o Supremo Tribunal Federal (STF) desembolsou valor semelhante por 6,5 mil calendários em 2010 e 2011.

Por R$7,9 mil, os freezeres do Gabinete do comandante da Aeronáutica se encheram de 110 quilos de filé de salmão, 110 de filé de robalo, 85 de filé de badejo e 85 de filé de linguado em 2008. De sobremesa, 70 caixas de bombons sortidos. Na lista da Base de Lançamentos de Alcântara, em 2008, ração, vinho e chicletes de menta.

Consultados, o Exército e a Aeronáutica informaram que só a partir de segunda-feira vão poder explicar as compras. O STJ alegou que o estresse é motivo de afastamento de pessoal, o que justifica os eventos. O Supremo, embora questionado, não se pronunciou.



Gastos controversos e inusitados:
1.Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
Nova sede em Brasília - R$ 448.900.000,00 empenhados

2. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS)Aluguel de 23 andares no Rio por 5 anos de contrato - R$ 310.000.000,00

3. Policia FederalNovo prédio em Brasília -  R$ 250.000.000,00

4. Agência Nacional de Avição Civil (Anac)Aluguel e condomínio em Brasília por 5 anos de contrato -R$ 76.200.000,00

5. Ministério da CulturaAluguel de 8 andares em Brasília por 5 anos de contratos - R$ 90.300.000,00

6. Polícia Rodovíaria FederalNovo prédio em Brasília - R$ 30.000.000,00


No carrinho de compras...

4º Batalhão de Infantaria de Selva em Rio Branco no Acre.
1.200 latinhas de Skol - R$ 1.224,00

Comando da 12ª Região Militar em Manaus (AM)720 garrafas de cervejas - R$ 2.185,00

Supremo Tribunal Federal (STF)6.500 calendários - R$ 29.808,00

Gabinete do Comandante da Aeronáutica110 quilos de filé de salmão,110 de filé de robalo, 85 filé de badejo e 85 de filé de linguado - R$ 7.950,00

70 caixas de bombons - R$ 400,00

Fontes: Contas Abertas, Siafi, Orçamento e estimativas do gorveno


sábado, 29 de janeiro de 2011

Contas Abertas: Governo tem R$ 622 milhões para publicidade neste ano

Amanda Costa do Contas Abertas


Maior anunciante do país, o governo federal tem à disposição R$ 622,8 milhões para aplicar em publicidade neste ano. Deste valor, o equivalente a R$ 210,3 milhões referem-se a anúncios diretamente vinculados à Presidência da República, que tem o maior orçamento entre todas as pastas dos Três Poderes. Ao todo, 54 órgãos têm orçamento para anúncios neste ano. Na prática, é como se cada um dos 190,7 milhões de brasileiros tivessem que pagar R$ 3,27 para serem informados sobre os atos públicos.
Na presidência, cerca de R$ 300 mil da verba publicitária que deve ser investida na imagem do próprio governo, foram obtidos por meio de emendas durante a tramitação da peça orçamentária no Congresso Nacional. A única outra pasta que teve a verba midiática ampliada por parlamentares foi o Ministério do Turismo, que recebeu créditos de R$ 1,7 milhão, passando a ter orçamento final de R$ 6,7 milhões.
Por outro lado, tiveram as verbas publicitárias cortadas, durante a tramitação do orçamento no Congresso, o Ministério da Agricultura, que perdeu R$ 7 milhões, o Ministério do Transportes, com R$ 5 milhões a menos, o Ministério da Pesca e Aquicultura, com R$ 2 milhões diminuídos, e o Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito, que perdeu R$ 4 milhõesMas, após a Presidência, o Fundo Nacional de Saúde (FNS), com R$ 139,2 milhões, é o dono da maior verba para campanhas na mídia neste ano. No ano passado, a peça orçamentária previa R$ 120,2 milhões para a divulgação das atividades do órgão. O Ministério do Esporte aparece em terceiro lugar, com dotação publicitária estimada em R$ 44,2 milhões, um salto de 608% em relação à verba aprovada no ano passado, de apenas R$ 6,2 milhões.
Na contabilidade, estão incluídos os valores previstos para despesas com propagandas de utilidade pública e campanhas institucionais. A diferença entre os dois meios de propaganda está nos fins almejados. Enquanto a publicidade de utilidade pública prevê informar, orientar, prevenir ou alertar a população para que adote um comportamento específico, visando benefícios sociais, a publicidade institucional se limita a divulgar informações sobre atos, obras, programas, metas e resultados do órgão público. Não faz parte do levantamento a previsão de despesas com publicidade das estatais e sociedades de economia mista, como Petrobras e Banco do Brasil.

Mais de R$ 1,7 milhão por dia em 2010
No ano passado, a administração direta federal gastou quase R$ 650 milhões com campanhas midiáticas, mais de R$ 1,7 milhão por dia em publicidade governamental. A presidência foi a responsável pelo maior montante, cerca de R$ 199,3 milhões pagos. Em seguida, aparecem o Fundo Nacional de Saúde, com R$ 131,3 milhões liberados, e o Fundo Nacional de Segurança e Educação no Transito, com R$ 126 milhões aplicados
Treze órgãos mantiveram intactas as suas verbas, sem utilizar nenhum centavo. Entre eles, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (R$ 2,4 milhões), o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (R$ 10 milhões), o Ministério do Meio Ambiente (R$ 200,1 mil) e o Serviço Florestal Brasileiro (R$ 10 mil).

Débitos de Lula
Apenas no último dia 5, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República liberou R$ 14,4 milhões para quitar débitos referentes à publicidade governamental ainda da gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os recursos foram divididos quase igualitariamente entre as três agências que detém a conta da Presidência, administrada em conjunto pela Matisse, 141 Soho Square e Propeg. Assim, cada uma recebeu praticamente R$ 4,8 milhões.
O trio publicitário presta serviços para a Secom desde 2008, mas os contratos podem ser revistos neste ano pela presidente Dilma Rousseff, já que a vigência dos três encerra-se em março. Caso Dilma opte por renovar os contratos, a prorrogação máxima permitida será até março de 2013.
A assessoria de imprensa da Secom informou que não é possível relacionar as atividades desenvolvidas pelas agências ao pagamento efetuado no último dia 5. Mas garantiu que o pagamento se refere a vários serviços executados ainda pelo governo anterior.

Leia mais:
(veja aqui todo o orçamento publicitário).

Acesse o link:
Fonte:

A força das redes - Merval Pereira

O GLOBO - 29/01/11


Nada mais representativo do mundo atual do que discutir a influência das redes de comunicação social no comportamento da sociedade. Seja pelo uso do Twitter e do Facebook na onda de protestos que derrubou a ditadura de Ben Ali, na Tunísia, e ameaça encerrar outra ditadura longeva, a do Egito, dominado por Hosni Mubarak desde 1981, seja pela capacidade de viciar o usuário, com os maus hábitos propiciados pelo uso da internet neutralizando suas vantagens.

No Fórum Econômico Mundial, uma sessão especial tratou do vício das redes sociais, enquanto no número de janeiro/fevereiro da revista "Foreign Affairs" um longo artigo de Clay Shirky, professor de Novas Mídias da Universidade de Nova York, trata do poder político desses novos instrumentos tecnológicos de comunicação social.

Escrito antes da derrubada do governo da Tunísia, o artigo cita casos em que o poder das redes sociais ajudou a derrotar governos, tanto ditatoriais quando democráticos.

O primeiro caso conhecido ocorreu em 2001, durante o julgamento de impedimento do presidente Joseph Estrada das Filipinas.

Um grupo de governistas no Congresso aprovou a retirada do processo de provas essenciais contra o presidente, e duas horas depois a principal avenida da capital Manila estava bloqueada por um protesto convocado pelo celular com cerca de sete milhões de mensagens enviadas.

A votação foi revertida e três dias depois Estrada foi cassado. Mas o autor cita também diversos casos em que o uso dos novos meios de comunicação não logrou êxito, como na Bielorússia, em março de 2006 quando protestos de rua, convocados em parte por e-mails, fracassaram, deixando o presidente Lukashenko mais determinado do que nunca a controlar as redes sociais.

Ou no ano passado na Tailândia, quando protestos convocados pela mídia social foram reprimidos, e dezenas de pessoas morreram. Como acontece agora no Egito, onde a ditadura de Mubarak tenta reprimir violentamente os protestos convocados pela rede social.

A capacidade de mobilização das redes sociais, aliás, já era temida pela ditadura egípcia, que recentemente aprovou uma licença obrigatória para grupos que queiram usar mensagens de texto, como maneira de poder monitorá-los.

A conclusão do professor Clay Shirky, da Universidade de Nova York, é que por si só as redes sociais não têm um poder político insuperável, sendo necessário que a sociedade esteja amadurecida para que seus efeitos aconteçam.

A influência das redes de comunicação social nas modernas sociedades, por outro lado, é preocupante para alguns especialistas, enquanto para outros é um fato que não pode mais ser ignorado.

O tempo médio gasto pelos usuários nas redes sociais aumentou 82% em 2009, segundo dados anunciados aqui em Davos, no Fórum Econômico Mundial. A capacidade de viciar dessas redes, como Facebook, é atribuída em parte a um fenômeno descrito por B. F. Skinner, considerado o pai da "psicologia comportamental", que identificou que usuários dessas redes costumam checá-las permanentemente em busca de um prêmio que só vem esporadicamente.

Já Manuel Castells, sociólogo espanhol que dá aulas na Universidade Southern Califórnia, acha que as redes de comunicação social mudaram a lógica do poder na sociedade atual, e já não se pode fazer política se não se levar em conta a crescente autonomia e o dinamismo da sociedade, utilizando a desintermediação dos meios de comunicação.

Ele diz que, como as redes organizam o mundo das finanças, da produção, da comunicação, da política, das relações interpessoais, só uma teoria que parta da relação nessas redes de poder pode chegar a entender a prática social e política da sociedade atual.

No debate aqui em Davos, os participantes - entre eles o próprio Clay Shirky, Marissa Mayer, vice-presidente para pesquisa de produtos e experiência com usuários da Google; Dan Ariely, professor de Psicologia e economia comportamental da Universidade Duke; Reid Hoffman, fundador da LinkedIn - foram incumbidos de identificar aspectos negativos das redes de relacionamento social e as soluções para os problemas.

Surgiram diversas críticas, não apenas ao aspecto do vício e distração no trabalho, como ao impacto nas habilidades cognitivas, na saúde e questões de privacidade que desafiam as soluções.
Houve um consenso entre os participantes de que as redes sociais de maneira geral são boas, e que os problemas acabarão sendo resolvidos com o correr do tempo.

Para chegar a esse equilíbrio mais rapidamente, no entanto, é preciso um acompanhamento dos pais. Foram apresentados estudos que indicam que o uso excessivo das redes sociais provoca em alguns usuários uma atitude antissocial, fazendo com que evitem o contato pessoal.

A interação mais aprofundada tem sido trocada por uma forma rápida, impedindo um contato mais argumentativo. Esse hábito poder provocar déficit de atenção.

Os comportamentos desvirtuados como "bullyng" são acelerados e amplificados pela internet, e as soluções têm que estar centradas na educação, talvez com as escolas ensinando desde cedo as vantagens dos novos instrumentos tecnológicos e os perigos de seu mau uso.

Grupos de apoio têm que ser criados para ajudar aqueles que tiverem comportamento patológico pelo uso das redes sociais. (Continua amanhã)

Guerra de ex-companheiros

O Globo - 29/01/2011
Dandara Tinoco


Eduardo Cunha e Garotinho trocam acusações no Twitter e em seus blogs
Aliados durante os oito anos de governo Garotinho/Rosinha no estado, o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e seu futuro colega de plenário Anthony Garotinho (PR-RJ) fizeram da internet arena para troca de ofensas e acusações. As denúncias de tráfico de influência em Furnas, publicadas pelo GLOBO, foram o estopim.

A briga começou na quinta-feira, quando Cunha disse que Garotinho e ele deveriam detalhar reuniões que tiveram, o que "contribuiria muito para o país" . Ontem, Cunha chamou Garotinho de "chefe de quadrilha" e insinuou que ele usaria laranjas. Já o ex-governador classificou Cunha de "muito baixo" e relembrou escândalos na Companhia Estadual de Habitação (Cehab) e na Prece, fundo de pensão da Cedae, nos quais o deputado estaria envolvido.

Ainda de madrugada, Cunha publicou em sua página no Twitter: "Quanto a Garotinho respondi a nota de seu blog e óbvio que respondo pelos meus atos assim como ele deveria responder pelos dele", referindo-se a uma declaração de Garotinho sobre as denúncias de Furnas. E emendou:

"Mas não é com ele essa briga, com ele se precisar sei como brigar. Ele que leve a vida dele e me esqueça, porque eu já o esqueci graças a Deus".

Garotinho havia dito na quinta-feira que há dois anos não fala com Cunha. O deputado desmentiu: "O Garotinho só não precisa mentir porque a última vez que ligou para pedir ajuda para se livrar de problemas foi em maio de 2010 faz (sic) 8 meses". Depois, Cunha desafiou: "@blogdogarotinho vamos fazer juntos em entrevista coletiva. A Cehab era sua,você era governador", acrescentando: "@blogdogarotinho quem está condenado criminalmente com pena de 2 anos e meio por ser chefe de quadrilha é você ". Cunha declarou ainda que "Garotinho é caso de polícia e não de política".

Em seu blog, Garotinho - que, procurado, não quis dar entrevista - escreveu uma nota desafiando o deputado para um debate na Câmara dos Deputados, após a posse. E afirmou que as denúncias contra ele foram articuladas pelo governador Sérgio Cabral e seus aliados e são "politicagem pura". A assessoria de imprensa de Cabral informou que o governador não comentaria as acusações.

No texto, Garotinho diz que "existem graves documentos" no Ministério Público nos quais o nome de Cunha aparece "em situações delicadíssimas". Ele ainda escreveu que, no fins de semana, Cunha "vai para Nova York, onde se hospeda em hotéis de luxo", citando supostas aplicações no mercado financeiro e uma mansão. O ex-governador termina o texto com uma ameaça: "Toma cuidado Eduardo, porque além da "casa cair" (Cehab) você também "pode entrar pelo cano" (Cedae). Acho bom o deputado Cunha, nos próximos dias, fazer uma boa PRECE, pois seus pecados são grandes. Quem quiser mais informações ligue para o juiz afastado Roberto Wider e seu lobista Eduardo Raschkovsky. Os dois sabem muita coisa da vida dele".

Horas mais tarde, Cunha também recorreu ao seu blog para atirar contra Garotinho. Em uma nota, cujo título foi "RESPOSTA A GAROTINHO: A pior aliança que realizei em toda a minha trajetória política foi com este cidadão, cujo nome é um plágio de um apresentador de rádio", Cunha acusa Garotinho de usar laranjas. "Tudo que tenho ou tive e tudo que gasto faz parte das minhas declarações de renda. Não possuo e nunca possuí bens e nem efetuei despesas em nome de laranjas, o que já não posso afirmar sobre ele", escreveu. No texto, Cunha rejeita o convite para debater com Garotinho na Câmara e diz que não será "escada" para o "palanque" do ex-aliado. O deputado critica ainda o fato de Garotinho fazer insinuações sobre órgãos do governo estadual do qual foi governador.

A discussão continuou no início da noite de ontem, quando Garotinho publicou nova nota, insinuando ligações de Cunha com a Delta Construções, empreiteira que mais recebe verbas do PAC no estado e foi sua doadora na campanha eleitoral. "Embora sabendo que o deputado gosta muito de laranja, recomendo que neste momento tome um suco de maracujá e sobrevoe o patrimônio que construiu praticando um esporte que ele gosta muito: Asa DELTA", escreveu o ex-governador, que falou sobre suposta interferência de Cunha na gestão dos Correios:

"Não vou lhe mandar estas palavras pelo Correio, porque corre o risco da diretoria do Rio extraviá-la, afinal, Eduardo diz que é o dono da situação".

Em entrevista, concedida por e-mail, Cunha disse que não chamou Garotinho de chefe de quadrilha, mas sim "reproduziu a decisão judicial que o condenou por esse motivo". Afirmou não ter provas de que o ex-governador usou laranjas: "Não acusei, apenas disse que não poderia afirmar".

Cunha falou sobre o pedido para que Garotinho revelasse o teor de suas reuniões: "Não fui eu quem me referi a reuniões e sim ele em uma menção a uma reunião que teve em 2002 com o então candidato ao Senado Hélio Costa, onde ele buscava apoio para a sua candidatura a presidente. Felizmente, o Hélio preferiu o Lula. Aí, achei deselegante revelar reuniões dessa natureza e disse que deveríamos detalhar todas". Segundo o deputado, Garotinho ligou para ele várias vezes, até maio do ano passado: "A última foi pedir para eu interferir para que a Rádio Melodia respondesse a uma demanda da Justiça Eleitoral sobre outdoors do seu programa de rádio".

Cunha negou que tenha participado de indicações na Prece. Ele não comentou as acusações de Garotinho e as denúncias sobre sua suposta interferência na gestão de Furnas.

Entenda a troca de acusações
Citadas pelo deputado federal Eduardo Cunha (PMDB) e pelo ex-governador Anthony Garotinho (PR), a Companhia Estadual de Habitação (Cehab) e a Prece, fundo de pensão da Cedae, estiveram no centro de investigações que envolveram os então aliados.
Cunha foi presidente da Cehab entre1999 e 2000, quando a primeira crise atingiu o governo Garotinho, marcado depois por uma série de escândalos. Ele foi acusado de fraudar diversos processos de licitação para beneficiar empresas, entre elas a paranaense Grande Piso, que teria sido favorecida na construção de casas populares em Sepetiba, na Zona Oeste.
Segundo denúncias, ele também teria participado de um esquema de propinas para registro dos imóveis em cartórios. Cunha aparece como réu em um processo que investiga supostos crimes de improbidade administrativa e dano ao erário, entre outros deslizes, na Cehab. Em entrevista por e-mail, o deputado afirmou que desconhece qualquer processo contra ele sobre a Grande Piso e acrescenta: "Se existir, não fui citado".
Nos anos seguintes, mesmo sem assumir cargos oficiais, Cunha esteve por trás de indicações importantes nas gestões de Garotinho e de sua mulher, Rosinha Garotinho. Foi dele a sugestão do nome de AluízioMeyer para presidir a Cedae no governo Rosinha. Cunha teria tido forte interferência também na gestão da Prece, fundo de pensão da estatal que foi investigado pela CPI dos Correios.
A comissão constatou que o fundo acumulou, entre 2001 e 2005, perdas de até R$ 300 milhões em operações na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), por conta de opções de investimento arriscadas. Entre as beneficiadas com as operações estavam a Quality Corretora de Câmbio Títulos e Valores Mobiliários S/A e a Erste Banking Empreendimentos e Participações Ltda. A Erste pertence ao doleiro Lúcio Funaro. ACPI apontou que ele teria pagado o aluguel de um apart-hotel em que Cunha morava em Brasília. O peemedebista nega o favor. Segundo as denúncias recentes, Funaro teria sido beneficiado também em operações de Furnas. Cunha nega também que tenha tido qualquer participação na indicação de gestores da Prece.

Eleições elevaram despesas com o PAC

 O Estado de S.Paulo - 29 de janeiro de 2011

Governo teve de frear os gastos para evitar uma piora maior nas contas, mas no primeiro semestre ritmo de crescimento chegou a 100%

As despesas com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) oscilaram de acordo com o calendário das eleições e o governo teve de colocar um pé no freio até mesmo nesses gastos nos últimos meses do ano. Isso foi preciso para evitar uma piora maior das contas do governo.

No primeiro semestre de 2010, quando a campanha eleitoral estava a todo vapor, o ritmo de crescimento das despesas do PAC oscilava entre 100% e 85%.
O resultado final do ano mostrou, no entanto, um desempenho bem mais acanhado. As despesas vinculadas ao PAC fecharam 2010 com alta de 23%, com R$ 22,08 bilhões efetivamente pagos - 66% do que estavam previstos pelo governo para o ano. Os investimentos totais - que incluem também o PAC - somaram R$ 47,1 bilhões, com expansão de 38% sobre 2009.
Para 2011, a presidente Dilma Rousseff promete fazer um ajuste nas despesas de custeio, mas preservar os gastos de investimentos com PAC.
Os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Miriam Belchior, já foram repreendidos, nas últimas semanas, por terem falado em cortes das despesas do Programa.
Bloqueio forte. Ao divulgar ontem o resultado do ano das contas do Governo Central, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse que o governo vai cortar os gastos com custeio, mas preservar o crescimento dos investimentos.
Segundo ele, em 2011 o governo terá "um olhar mais forte" para o contingenciamento das despesas do Orçamento e aperfeiçoar o controle das despesas. A declaração indica que o esforço fiscal não foi feito à risca como o prometido.
O secretário destacou que 2011 é um ano em que a economia brasileira não necessita de uma ação expansionista do setor público, como ocorreu em 2009 e também em 2010.
Apesar do aumento da arrecadação e do uso de várias manobras fiscais para o aumento do superávit, Augustin defendeu a política fiscal brasileira. Ele destacou que é normal o ingresso de receitas de concessões e de dividendos pagos pelas empresas estatais.
Mesmo com essas receitas, o secretário destacou que, em 2010, a arrecadação ainda sofreu no primeiro semestre com os efeitos da crise financeira e, por outro lado, o governo teve de fazer algumas despesas para compensar os efeitos da crise.
Em 2011, o secretário prevê um cenário mais favorável porque o governo planeja um bloqueio forte das despesas e, além disso, as receitas terão desempenho melhor por causa da atividade econômica.
Isso vai compensar, segundo ele, ingressos menores este ano oriundos de concessões, como a da camada do pré-sal, e pagamento de dividendos.
Ao rechaçar a avaliação de que o ingresso de receitas com a capitalização da Petrobrás e de outras operações de antecipação de receitas ao longo do ano tenham sido manobras contábeis, Augustin destacou que o governo sempre trabalha para otimizar as receitas públicas e, segundo ele, continuará fazendo, o que indica que o governo manterá essa política.
Augustin também disse que o governo está trabalhando para conter os restos a pagar e para isso vai reduzir a velocidade dos empenhos. Ele admitiu ainda a possibilidade de o governo fazer cancelamento maior de despesas previstas nos restos a pagar. "É possível. É algo que está em análise", disse o secretário.


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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Dilma chancela o atraso

RICARDO BAITELO


O GLOBO - 28/01/11

Em seu discurso de posse, no dia 1º de janeiro, Dilma Rousseff prometeu fazer uma revolução na área de energia no Brasil. Se disse comprometida com o desenvolvimento de fontes limpas de geração energética e garantiu que seu governo incentivaria investimentos em usinas à base de biomassa, eólica e solar. A presidente projetou o Brasil como futuro campeão mundial de energia limpa e dono da matriz energética mais limpa do mundo, baseado em um projeto inédito de país desenvolvido com forte componente ambiental.

Dilma, no entanto, parece estar rasgando o seu discurso de posse. Depois de anunciar um plano para construir 11 mega-hidrelétricas na Amazônia e voltar a fustigar órgãos de governo responsáveis pelo licenciamento ambiental de grandes obras, a presidente vai, nesta sexta-feira, emprestar seu prestígio e a força de seu cargo numa homenagem ao que existe de mais acabado em termos de involução energética. Dilma prometeu que vai estar presente à inauguração da usina termoelétrica Presidente Médici - que por óbvias razões o governo prefere chamar de Candiota III. A usina é um monumento à geração energética do passado.

Movida a carvão - o menos nobre e mais poluente dos combustíveis fósseis - Candiota III promete gerar 350 MW de energia deixando um rastro de emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa que ameaçam a saúde humana e a estabilidade do clima do planeta. Significa que uma única usina - responsável por pouco mais de 0,5% da energia gerada atualmente no Brasil - contribuirá com o aumento de 10% das emissões atuais do setor elétrico.

Isso, sem incluir a mineração do carvão necessário à alimentação de seus geradores, uma atividade que comprovadamente causa impactos nocivos ao lençol freático e ao solo. Dilma, fiel ao bordão do governo, provavelmente dirá que Candiota III serve para garantir a segurança energética do país, assegurando que teremos energia para continuarmos a nos desenvolver. Trata-se de uma lenda.

De acordo com o cenário Revolução Energética, lançado pelo Greenpeace na COP 16, em Cancún, o potencial de energia eólica e biomassa e solar poderá atender a boa parte da expansão energética brasileira prevista com o crescimento econômico das próximas décadas. A matriz elétrica de 2050 seria, portanto, uma mescla entre o parque hidrelétrico já instalado, com forte participação de eólicas e cogeração a biomassa e geração solar centralizada e distribuída. Além dos óbvios benefícios ambientais, os ganhos seriam sociais, com a geração de empregos verdes, e econômicos, com a redução de gastos de combustíveis fósseis.

Não há lugar para termelétricas a carvão e nucleares nessa matriz. Este tipo de usina é considerado inflexível ou de operação ininterrupta e não se adapta, portanto, a um modelo que privilegia a a conjunção da disponibilidade momentânea de cada uma das renováveis. O relatório "A batalha das redes", lançado na semana passada pelo Greenpeace, mapeia o sistema de redes necessário para conectar a geração de energias renováveis na Europa e tornar a matriz dessa região 100% renovável e independente de fontes sujas até 2050.

Se a Europa, continente de grande geração fóssil, pode realizar essa tarefa até meados deste século, o Brasil, que já conta com uma matriz de mais de 80%, tem todas as condições para chegar lá antes disso. A privilegiada situação brasileira de potencial renovável permite que apostemos na conjunção entre os regimes de geração das diferentes formas de energias renováveis, que pode perfeitamente atender à demanda nacional de forma segura.

Em suma, a presidente está chancelando um empreendimento baseado em um modelo energético do século retrasado. Mas, se quiser se redimir, ainda terá a oportunidade de cumprir parte do que prometeu no ato da posse e tirar o projeto de lei de energias renováveis - PL 630 - do limbo na Câmara dos Deputados em fevereiro.

RICARDO BAITELO é coordenador de energia da organização não governamental Greenpeace no Brasil.

O Ibama virou um negócio insustentável

 Marcos Sá Correa

O Globo - 28/01/2011

Antes de gerar o primeiro quilowatt, a usina de Belo Monte conseguiu transformar o Ministério do Meio Ambiente num negócio insustentável. Eletrocutou esta semana mais um presidente do Ibama. Governo vai, governo vem, cada vez mais eles passam e ela fica.

Tragados por Belo Monte, os nomes passam pelo cargoo depressa que mal dá tempo de aprendê-los. Geralmente saem de fininho, "exonerados a pedido" e condecorados por processos. Mas chegam com estardalhaço digno de plenipotenciários do patrimônio natural. E é assim que o Brasil está inaugurando mais um presidente do Ibama. Quem? O catarinense Américo Ribeiro Tunes.

Como presidente substituto, Tunes nem precisou assinar a posse no Ibama. Assinou diretamente seu passaporte para a posteridade, concedendo de cara a licença "parcial" de Belo Monte. Ela autoriza o desmatamento de 23 hectares na bacia do Rio Xingu para a instalação de um canteiro de obras que formalmente poderá ou não construir a hidrelétrica. Mas com isso deixou na poeira todos os recursos técnicos e judiciais que o projeto ainda não conseguiu responder.

O demissionário Abelardo Bayma, antecessor de Tunes, assinou a licença prévia de Belo Monte. O antecessor do antecessor, Roberto Messias Franco, desencalhou em 2009 os estudos de impacto da hidrelétrica. Em 2008 demitiu-se a ministra Marina Silva, ao entrar en rota de colisão com Belo Monte, depois de capitular diante das pressões para liberar as usinas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira. Mesmo sem eletricidade, Belo Monte dá choque.

Dure muito ou pouco essa interinidade de Tunes, ele tem um lugar na história da usina e da burocracia ambiental, juntando sua assinatura à estreia de "licença parcial", um truque que a rigor serve para testar encanador em reforma de banheiro. "Parcial", neste caso, quer dizer o quê?

Se o termo for sincero, o país está entregue a interesses poderosos, sem dúvida, mas insensatos a ponto de defenestrar presidentes do Ibama só para construir um canteiro de obra sem a menor garantia de fazer a obra. Ideia semelhante só passou por Brasília uma vez, há mais de 30 anos, através da cabeça prodigiosa do economista Mario Henrique Simonsen. Como ministro do governo João Figueiredo, ele propôs que o Brasil legalizasse o pagamento de comissões por obras que não pretendia executar. Alegava que assim todos sairiam ganhando. A começar pelos brasileiros, que assim gastariam menos com empreitadas inúteis e perdulárias.

Simonsen estava brincando. Queria simplesmente dizer com isso que muita coisa no país só sai do papel porque alguém está de olho na percentagem da intermediação. Mas a licença "parcial" de Belo Monte, a julgar pelo número de baixas que já causou, está falando a sério, mesmo sem esclarecer se aquilo custará menos de 19 ou mais de 30 bilhões de reais e gerará 11 mil ou 4 mil megawatts.

Belo Monte é urgente porque o Palácio do Planalto está sentado sobre mais de 60 projetos de usinas, a maioria na Amazônia. Isso porque a região tem potencial sobrando? Não. Por enquanto, o que há são advertências no mínimo plausíveis, como a do engenheiro Enéas Salati, da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável.

Salati está combinando com calma e cautela o que já se sabe sobre mudança climática com o que se conhece dos rios nas 12 grandes regiões hidrológicas do território brasileiro. Encara um horizonte de 2015 a 2100. Não tem pressa, porque não vai ganhar nem perder um tostão com obra nem desmatamento. Mas já tem dados para prever que a vazão média dos rios na Amazônia cairá de 30 a 40% até o fim do século. O Rio Tocantins tende a chegar lá com a metade do volume que tinha antes de 1990. É para lá que o governo está nos levando, custe o que custar.

MARCOS SÁ CORREIA é jornalista

Falta luz em Furnas

O Globo - 28/01/2011

Um dos mais traiçoeiros terrenos minados pelos quais o governo Dilma Rousseff precisa transitar em busca de uma gestão eficiente é o do retalhamento da máquina estatal entre partidos aliados. E até onde é perceptível, a fonte das mais lancinantes dores de cabeça palacianas, pelo menos até agora, está na disputa entre peemedebistas e petistas no setor elétrico.

O butim em questão é de fato atraente. Lá estão alguns dos maiores orçamentos de investimento da área pública. É uma área em que há sempre grandes obras em andamento e cobiçados contratos em negociação.

Se PT e PMDB nunca se entenderam de fato sobre a repartição de poder na atividade, pelo menos as refregas não produziam erupções de dossiês com cáusticas acusações. É possível que um novo governo tenha animado petistas a reabrir a questão do controle do setor elétrico, em que têm grande peso peemedebistas do Maranhão e do Rio de Janeiro. Estes receberam o feudo de Furnas, transformado em campo de batalha entre os dois partidos.

Um dossiê gerado por petistas acusa a ação do PMDB dentro da estatal pela duplicação do custo de construção da Hidrelétrica de Simplício, na divisa do Rio de Janeiro com Minas - de R$1,1 bilhão para R$2,2 bilhões.

Representante do PMDB do Rio de Janeiro envolvido na guerra, o deputado Eduardo Cunha tem respondido em notas e mensagens de Twitter com ameaças, nem sempre veladas, a todos - petistas, políticos de outras legendas, à imprensa.

A mais nova salva de obuses contra o PMDB de Furnas alveja uma intrincada operação na qual a empresa teria desembolsado R$73 milhões a mais do que deveria na aquisição de um lote de ações de uma empresa de pessoas ligadas ao deputado fluminense.

Pelo visto, há de tudo neste cardápio de malfeitorias. Ainda no início do segundo mandato de Lula, houve razoável rebuliço com o interesse de peemedebistas do Rio de Janeiro de ter alguma influência na administração do fundo de pensão Real Grandeza, dos funcionários de Furnas e Eletronuclear. Com um patrimônio de R$6 bilhões, a fundação atrai quem se interessa por intermediação financeira e imobiliária.

Certo tipo de político aspira ter acesso a negociações de volumosos contratos com empreiteiras, conhecidas financiadoras de campanha. Difícil provar, mas é tido como certo que o "a mais" desembolsado pelo prestador de serviço, a pedido do político xerife do local, é transferido para o preço do contrato. Explicaria a duplicação do custo de Simplício? A investigar.

Os R$73 milhões adicionais desembolsados por Furnas na compra da tal empresa também intrigam. Se foi para caixa dois dos subterrâneos das finanças partidárias e/ou rumou para bolsos individuais, não importa, é crime do mesmo jeito.

Também a esta altura pouco significa que denúncias partam de dossiês montados em função da luta pelo poder. Importa é saber com segurança se as acusações são verdadeiras ou não. Se forem, que haja punições.

A cada lance desta briga, o Planalto ganha mais apoio para executar o projeto de nomear técnicos para o segundo escalão do governo.

Furnas:Empresa foi montada 2 semanas antes...

Empresa ligada a Eduardo Cunha foi montada duas semanas antes de fechar negócio com Furnas



O Globo - 28/01/2011

A Companhia Energética Serra da Carioca II, que comprou ações de um grupo privado por R$ 6,9 milhões e as vendeu, sete meses depois, por R$ 80 milhões a Furnas Centrais Elétricas, foi constituída apenas duas semanas antes de entrar no negócio. As ações corresponderam a 29% do capital da Serra do Facão Participações, responsável pela construção de usina hidrelétrica em Goiás. A primeira assembleia da nova empresa, que elegeu a diretoria, está registrada em ata do dia 26 de dezembro de 2007. Pouco depois, em 9 de janeiro do ano seguinte, a Serra da Carioca arrematou um lote de ações do empreendimento Serra do Facão do grupo privado Oliveira Trust.
Serra da Carioca aparece no organograma do Grupo Gallway. Pelo menos duas pessoas do grupo eram ligadas ao deputado federal Eduardo Cunha (PMDB), que indicou a direção de Furnas no mesmo período do negócio.
Gallway: diretores tiveram sigilo fiscal quebrado
Dissolvido pelo grupo Gallway em outubro do ano passado, o Conselho de Administração da empresa foi marcado por nomes do mercado financeiro envolvidos em operações suspeitas. Alguns deles sofreram quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico pela CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos Correios e processos na Comissão de Valores Mobiliários.

Lucio Funaro, que não aparece no quadro de diretores e conselheiros da empresa, mas que se apresenta como representante da Gallway, é também processado, segundo o Ministério Público Federal de São Paulo, por lavagem de dinheiro e crimes financeiros. Ele teve a prisão decretada na operação Satiagraha por suposto envolvimento com Naji Nahas. O processo ainda não foi apresentado à Justiça.
José Oswaldo Morales, já falecido, que presidiu o conselho administrativo da Gallway, era dono da Novinvest, empresa de valores mobiliários acusada pela CPMI de causar prejuízos de R$ 17 milhões aos fundos de pensão, assim como as empresas de Funaro, entre elas a Garanhuns, envolvida no escândalo do mensalão.
Por causa da Garanhuns, Funaro é investigado pela CVM, que no ano passado absolveu algumas das empresas envolvidas em um esquema de operações supostamente fraudulentas relativas aos fundos de pensão, mas que manteve as investigações sobre Funaro.
Ex-diretor da Gallway, Sergio Guaraciaba Martins Reinas também teve a quebra de sigilos pedida pelos parlamentares. Guaraciaba Reinas é dono da Rio Alto Serviços Financeiros, antiga Gallway Corretora, que até março passado era do grupo Gallway. Guaraciaba, junto com Funaro, é investigado pelo inquérito 08/04, da CVM, que “apura a eventual ocorrência de irregularidades com as operações cursadas na BM&F com IBOVESPA Futuro, envolvendo pessoas relacionadas com a Laeta S/A D.T.V.M e outras”.
Guaraciaba, Morales e Funaro são alvos também do processo administrativo 13/05 da CVM, que apura supostas irregularidades relacionadas a negócios feitos na BM&F e Bovespa com clientes de fundos exclusivos da Prece Previdência, entre 2002 e 2003.
Lutero de Castro Cardoso, que foi do Conselho Administrativo entre abril de 2008 e abril de 2009, teve os bens bloqueados pela Justiça por ter presidido a Cedae e ser acusado de, supostamente, participar de acordos extrajudiciais considerados irregulares envolvendo R$ 32 milhões.
- Eu demiti o Lutero. Ele era uma das pessoas que tinha participação nisso (nos acordos extrajudiciais) - contou ao GLOBO Helcio Camarinha, um dos conselheiros da Gallway, referindo-se à usina Apertadinho, em Rondônia, que sofreu uma quebra de barragem em janeiro de 2008.
Dono da Enerbrax, Helcio nega que tenha envolvimento com a Gallway e afirma que sua participação no conselho foi para elaborar um diagnóstico do incidente em Rondônia. Segundo sua afirmação, ele teria sido colocado no conselho para ter acesso a todos os documentos e atos da empresa. O incidente, de acordo com Camarinha, teria causado prejuízos de R$ 300 milhões aos fundos de pensão, entre eles a Petros:
- Fiz meu relatório e entreguei para a Aneel, Ministério Público e Petros. Ele (Lutero) foi um membro ativo disso e na gestão dele criaram a expectativa de que iriam reconstruir a usina em seis meses. Houve muito desvio de conduta. E essa usina não ficaria pronta (de fato) em menos de dez anos. Depois do meu relatório, o diretor financeiro pediu demissão. A diretoria pediu demissão. Meu trabalho foi lá para “limpar o trilho”. Chegou-se à conclusão de que a empresa não era solvente.


Acesse o link:
http://extra.globo.com/noticias/brasil/empresa-ligada-eduardo-cunha-foi-montada-duas-semanas-antes-de-fechar-negocio-com-furnas-953312.html


 Acesse o link: Entenda o caso

Leia também:
 Eduardo Cunha ameaça petistas e relembra caso dos aloprados
 Eduardo Cunha, Lúcio Funaro e Lutero de Castro Cardoso negam envolvimento em operação de empresa com Furnas 
Documento relaciona prejuízos financeiros de Furnas a aparelhamento político

Jogo de amarelinha

 O Estado de S.Paulo - 28/01/2011
  Dora Kramer


O que significa essa relação risonha e franca entre a presidente Dilma Rousseff e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab? Olhando de repente e considerando a iminente transferência dele do DEM para o PMDB, parece significar a transposição do prefeito da oposição para a situação.

Concluindo apressadamente a interpretação dos gestos, ver-se-ia neles o vislumbre de uma candidatura ao governo de São Paulo em 2014, com o apoio do PT, para tentar derrubar os 20 anos que na ocasião o PSDB estará completando de controle político do Estado.
Como ainda há muita água para rolar e muitos galos para cantar daqui até lá, pode ser tudo isso, nada disso ou parte disso.
É verdadeiro o interesse do PT em Gilberto Kassab, assim como é genuíno o conflito entre ele e o governador Geraldo Alckmin. É significativa também a redução do afã oposicionista do prefeito desde a eleição de Dilma e a derrota de José Serra.
Com a morte de Orestes Quércia, o PMDB de São Paulo tornou-se um feudo sem senhor. Por mais que o vice-presidente Michel Temer seja o sucessor, digamos, de direito de Quércia, seu cotidiano é agora nacional.
Portanto, a ideia de Kassab é assumir de fato o pedaço de forma a se livrar da subordinação ao PSDB e criar asas próprias. Se Serra tivesse sido eleito isso estaria resolvido. Como não foi, há que conquistar novas trincheiras.
Mas logo ao lado e no campo do maior aliado do governo federal? Pois é. Nada garante que o PMDB ao fazer um acordo com uma força política importante de São Paulo, onde já não tinha quase nada e para onde Kassab promete levar prefeitos, deputados e vereadores, usará isso a favor da atual aliança com o PT.
Pode ser que mais adiante use contra.
Convém prestar atenção nas relações estreitíssimas de Kassab com dois personagens: José Serra e Jorge Bornhausen, com os quais o prefeito vive dizendo que tem uma dívida eterna e, por ela, submete seus interesses às conveniências de ambos.
Algo se arma em São Paulo que ainda não é possível enxergar com clareza, até porque os artífices da obra, como convém a toda engenharia política que se preze, trabalham de olho no adversário, não revelam suas estratégias, dependem das circunstâncias e do andar das carruagens.
O jogo não é de via simples muito menos única: Kassab acumula, não divide forças para voar mais alto na política. Como candidato ao governo em 2014 com o apoio do PT?
Só se alguém puder acreditar em sã consciência e na posse do juízo perfeito que o PT abriria mão da chance de tirar São Paulo das mãos do PSDB justamente quando o partido estará em crise aguda de fadiga de material.
E o governo federal enquanto isso? Faz o seu papel: adula Geraldo Alckmin, agrada Antonio Anastasia, tenta neutralizar e dividir a oposição. Mais do que já está.
Recibo. José Sarney na presidência do Senado outra vez (a quarta) é confissão de suas excelências de que não há nada de melhor na Casa outrora nobre.
Reforma urbana. Jaime Lechinski escreve de Curitiba para, a propósito da tragédia na região serrana do Rio de Janeiro, lembrar (muito bem lembrado) o "drama das periferias urbanas, consequência das migrações rurais ocorridas a partir dos anos 60 e drasticamente aceleradas ao longo da década e meia seguinte".
Um processo desordenado, improvisado para o qual, na velocidade em que ocorreu, o Brasil não estava preparado. Isso é sabido.
Do que não se fala, e Lechinski aborda, é do tempo, dinheiro e energia gastos com a reforma agrária - "uma causa sem futuro" - em detrimento da atenção que seria devida à ocupação das periferias das grandes e médias cidades.
Sugere que políticos, intelectuais, movimentos sociais, governos que nunca levantaram essa bandeira passem a fazê-lo, a fim de conferir importância ao que de fato importa - o direito à vida - e de lidar com problemas reais no lugar de empregar dinheiro público em esforço inútil.

Acesse o link:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110128/not_imp672181,0.php
Fonte:
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Eduardo Cunha ameaça petistas

Eduardo Cunha ameaça petistas e relembra caso dos aloprados


O Globo - 28/01/2011

Precisamos trabalhar para que haja harmonia e refletir o papel das empresas públicas

 Pressionado diante das denúncias de tráfico de influência em Furnas, que atribui a integrantes do aliado PT, o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) começou a ameaçar petistas e até o antigo aliado e companheiro de partido Anthony Garotinho, ex-governador e deputado federal eleito. Em mensagens no Twitter, referindo-se à série de reportagens publicadas no GLOBO desde segunda-feira, Cunha fez ameaças até a Valter Cardeal, diretor de Engenharia e Planejamento da Eletrobras e homem de confiança da presidente Dilma Rousseff.
“Os petistas que plantaram isso são os mesmos que atacam a imprensa e já foram vítmas de difamações”, escreveu, emendando, em tom de ameaça:
“É impressionante o instinto suicida desses caras. Quem não se lembra dos aloprados?? Quem com ferro fere com ferro será ferido” - escreveu, referindo-se ao escândalo em que petistas foram presos com mais de R$ 1,6 milhão em dinheiro vivo para comprar um dossiê forjado contra tucanos. Até hoje, cinco anos depois, a Polícia Federal não descobriu a origem do dinheiro.
Cunha afirmou ainda que os documentos que denunciam sua suposta ingerência em Furnas foram feitos por “aqueles que queriam fazer campanha com dossiês e felizmente não conseguiram”.
Ao comentar reportagem publicada nesta quinta-feira que trata do pagamento feito por Furnas de R$ 73 milhões a mais por ações vendidas por empresários ligados a ele, o peemedebista afirmou que o negócio foi validado pelo Conselho de Administração da estatal. “Aliás pelo que sei os presidentes do conselho foram o Cardeal e o Flavio Decat, um dos dois aprovou as transações. Aprovariam se fosse isto??”, escreveu, referindo-se a Valter Cardeal, que chegou a assumir interinamente a presidência da Eletrobras no governo Lula, por indicação de Dilma, e também a Flavio Decat, cotado para assumir o comando da estatal.
Ele mandou ainda um recado para o ex-governador Anthony Garotinho: “Vai ser muito proveitoso detalharmos todas as reuniões que tivemos juntos. Contribuiria e muito para o nosso país”. Os dois já foram aliados, mas romperam recentemente.
Em sua página, Cunha afirmou que não tem ligações com Lúcio Bolonha Funaro, doleiro que se apresenta como representante da Gallway, que integra a Companhia Energética Serra da Carioca II, favorecida pelo negócio. Negou ainda, em tom de ironia, ter participação da transação: “Nao sei quem e Serra da Carioca, Galway, Serra do Facao e qualquer serra que nao seja ponto turistico”.
O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, perguntado nesta quinta-feira sobre as ameaças de Cunha, respondeu com ironia:
- Quando ele tiver mais de dez mil seguidores no Twitter, eu respondo a ele.
Em encontro que reuniu nesta quinta-feira 26 dos 46 deputados da bancada do Rio e outros estados, numa churrascaria na Zona Sul carioca, Eduardo Cunha disse que não falaria sobre as acusações, alegando que havia divulgado nota sobre o assunto. A reunião foi em apoio à candidatura do petista Marco Maia (RS) para a presidência da Câmara.
Garotinho, citado nesta quinta-feira por Cunha no Twitter, não quis comentar as denúncias:
- Eu prefiro ler coisas melhores que o Twitter do deputado Eduardo Cunha. Ele que responda pelos atos dele. Não falo com esse rapaz há dois anos.
O deputado Marco Maia criticou as acusações feitas por Cunha ao PT.
- Tudo aquilo que sai da política é lamentável. Temos que evitar que haja acusações entre petistas e peemedebistas, entre integrantes do mesmo governo. Precisamos trabalhar para que haja harmonia e refletir o papel das empresas públicas. Qualquer coisa que saia disso é um equívoco - afirmou Marco Maia.

Acesse o link:
http://extra.globo.com/noticias/brasil/eduardo-cunha-ameaca-petistas-relembra-caso-dos-aloprados-953318.html
Fonte:
http://extra.globo.com/

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

As grandes enchentes desde 1.711 no Rio de Janeiro , VEJA!!!

Rio de Janeiro – As grandes enchentes desde 1.711


 Postado no Blog em29 de novembro de 2008 by aleosp in Clima, nuvens e tempestades
Set/1.711 – Grandes inundações no Rio de Janeiro.
04/04/1.756 – Um grande temporal, precedido por ventos fortes, atingiu o Rio de Janeiro a partir das 13h. Foram três dias consecutivos de fortes chuvas, que provocaram inundações em toda cidade e desabamentos de casas, fazendo inúmeras vítimas. No dia seis de abril, canoas navegavam do Valongo até a Sé.
10/02/1.811 – Inundações, a catástrofe que castigou o Rio de Janeiro entre os dias 10 e 17 de fevereiro de 1811 ficou conhecida como “águas do monte”, em virtude da grande violência com que a enxurrada descia dos morros que cercavam a cidade. Grande parte do Morro do Castelo desmoronou, provocando o desabamento de muitas casas. Fala-se em muitas vítimas e enormes prejuízos materiais, mas os verdadeiros números são desconhecidos, pois o jornal da época a Gazeta de Notícias não dava importância a estes acontecimentos, segundo Vieira Fazenda. Tal foi a magnitude deste temporal que o príncipe regente ordenou que as igrejas ficassem abertas para acolher os desabrigados e encomendou estudos sobre as causas da catástrofe. A construção da muralha do Castelo-Fortaleza de São Sebastião foi a solução encontrada para evitar novos desabamentos de casas e mais mortes.

1883 -

17/03/1.906 - Inundações, conhecido como uma das maiores que castigou a cidade. Naquele dia, 165 mm precipitaram em 24 horas. O transbordamento do Canal do Mangue provocou alagamento em quase toda a cidade e houve desmoronamentos com mortes nos morros de Santa Tereza, Santo Antônio e Gamboa.
03/04/1.924 - Inundações, fortes chuvas provocaram o transbordamento do Canal do Mangue, inundação em vários bairros, além da Praça da Bandeira, e desabamentos de barracos, com vítimas, no Morro de São Carlos.
29/01/1.940 – 112 mm causaram alagamentos em quase toda a cidade e mortes por desabamentos no bairro de Santo Cristo.

06/01/1.942 – Inundação, 05 mortos, foram 132 mm de chuva, com um desabamento que soterrou cinco pessoas no Morro do Salgueiro.

15/01/1.962 – Inundação, 25 mortos, centenas e desabrigados, temporal que totalizou 242mm e provocou o transbordamento do Canal do Mangue e do Rio Maracanã e deslizamentos em vários pontos.
02/01/1.966 – Enchentes e deslizamentos nos Estados da Guanabara e Rio de Janeiro, 250 mortos, 50.000 desabrigados.




rj1966


petropolis120166Petrópolis (RJ)
petropolis120166aPetrópolis (RJ)
20/01/1.967 – Deslizamento, Rua General Glicério, Laranjeiras, 200 mortos, 300 feridos, devido as fortes chuvas, uma casa e dois edifícios foram soterrados entre as ruas Belizário Távora e General Glicério.
20/01/1.967 – Enchentes e deslizamentos, nos Estados da Guanabara e Rio de Janeiro, 300 mortos e 25.000 feridos.




Fev/1.971 - Revista Veja



03/12/1.982 – Inundação, 6 mortos, causou deslizamentos no Morro Pau da Bandeira, inundando várias ruas com o transbordamento do Rio Faria-Timbó.
20/03/1.983 – Um grande temporal caiu na madrugada de 20 de março de 1983, provocando a desabamento de casas e a morte de 05 (cinco) pessoas em Santa Teresa, onde a chuva atingiu 189 mm. O transbordamento de rios e canais em Jacarepaguá deixou mais de 150 desabrigados.
24/10/1.983 – Inundação, Rio de Janeiro, 13 mortos, forte temporal, com deslizamento de terra no Morro do Pavãozinho.
26/02/1.987 – Enchente, Petrópolis, Teresópolis e Rio de Janeiro, 292 mortos, 20.000 desabrigados. Em razão destas chuvas que registravam 171 vítimas fatais em Petrópolis e 94 no município do Rio de Janeiro foi decretado nesta o Estado de Emergência e com o agravamento da situação no dia 22 Estado de Calamidade Pública.
01/02/1.988 - Enchente, Petrópolis, Baixada Fluminense, 277 mortos e 2.000 desabrigados.


petropolis1988Petrópolis (RJ)
patropolis1988Petrópolis (RJ)
12/02/1.988 – Deslizamento, Morro Dona Marta, Rio de Janeiro, 6 mortos, 40 feridos e 300 desabrigados, uma tela usada em uma obra de contenção de encosta rompeu-se sob o peso do lixo e da lama, acumulados durante uma semana de fortes chuvas. A enxurrada destruiu cerca de 30 barracos.
19/02/1.988 – Enchente e deslizamento, Rio de Janeiro, 289 mortos, 734 feridos, 18.560 desabrigados, prejuízos US$ 935 milhões.
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17/01/1.991 – Enchente, Rio de Janeiro, 25 mortos e 8 feridos.
Jan/1.999 - Enchente, Rio de Janeiro e municípios do Vale do Paraíba e região Serrana, 41 mortos, 72 feridos e 180 famílias desabrigadas.
Jan/2.000 - Enchente, municípios do Petrópolis, Teresópolis, Casimiro de Abreu e Barra Mansa. 22 mortos, 60 feridos e 133 famílias desabrigadas.
Fev/2.003 – Enchente, municípios da Região Serrana, Sul e Norte Fluminense. 36 mortos, 95 feridos e 870 desalojados e 823 desabrigados.

Fonte: Departamento do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro

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