sábado, 15 de janeiro de 2011

Enquanto isso...Morro do Bumba permanece esquecido

Morro do Bumba permanece esquecido: famílias voltam a viver em áreas de risco


O Globo - 15/01/2011

RIO - Faltam quatro meses para a tragédia no Morro do Bumba, em Niterói, completar um ano e até agora a prefeitura do município não deu solução ao caso. Na época, 47 pessoas morreram e mais de 3 mil ficaram desabrigadas por causa da chuva.
Famílias como a de Luiz Antônio Oliveira da Silva, de 42 anos, que está desempregado, voltaram a viver na área de risco, por falta de moradia. As contenções de encostas, prometidas pela prefeitura, ainda não foram feitas, como diz o morador Rogério Guimarães, de 47 anos.
— Não fizeram nada. A Defesa Civil nunca mais voltou aqui e muita gente ainda espera por um laudo.
Segundo a prefeitura, a única intervenção na região foi a contenção na área onde ficava a lixeira, feita pelo estado.
Presidente da Associação de Vítimas do Bumba, Francisco Carlos Ferreira de Souza diz que cerca de 800 famílias ainda esperam receber o aluguel social e que apenas 93 famílias ganharam casas do programa Minha Casa, Minha Vida.
A dona de casa Stella Gonçalves Correia, de 64 anos, perdeu a casa no ano passado e, mesmo assim, voltou para o Bumba.
— Estou aqui com a minha filha porque não tenho outro lugar. A casa está ameaçando cair, mas vou jogando cimento nas rachaduras.
( Família reforma casa que ficou de pé para ser única moradora do Bumba )
Morando no topo de onde ocorreu o deslizamento com o marido e três filhos, a dona de casa Ana Paula Peçanha, de 32 anos, vive em alerta.
— A gente fica com medo. Sempre que começa a chover pego meus filhos e vou para o abrigo — lamenta.
Na última quinta-feira, a 10ª Vara Cível de Niterói concedeu liminar que obriga a prefeitura a apresentar, em dez dias, um diagnóstico das áreas de risco e as ações de prevenção que serão adotadas na cidade neste verão. No entanto, a prefeitura informa que ainda não foi notificada, e que só vai se pronunciar quando receber a citação.
Em Angra, no Sul Fluminense, onde no réveillon de 2010 a chuva deixou 53 pessoas mortas e 1.230 famílias desabrigadas, a situação é mais controlada. Segundo a prefeitura, até o fim do mês 140 famílias receberão apartamentos que estão sendo construídos no bairro Areal. As famílias vão continuar ganhando auxílio moradia, até que todas recebam novas casas.
Segundo Agnaldo Marques, presidente da Associação de Moradores do Morro da Carioca, uma das regiões atingidas em Angra, atualmente não existem famílias morando em abrigos e a Defesa Civil tem visitado a área com frequência para evitar outra tragédia.
— Aqui ainda só não foi feito o muro de contenção, porque alguns moradores colocaram a prefeitura na Justiça, e isso impediu que eles realizassem qualquer intervenção na área — acrescenta.

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