O eleitor tem a força – Dora Kramer
O Estado de S. Paulo – 05/10/2010
A rigor não há surpresa na realização do segundo turno, bem como não haveria razão objetiva para o presidente Luiz Inácio da Silva ter saído de cena nem para Dilma Roussef e a cúpula da campanha terem entrado em cena com jeito de derrotados no pronunciamento da candidata domingo à noite.
O mais confiável dos institutos (por não trabalhar para nenhuma campanha), o Datafolha, na véspera indicava que Dilma teria entre 48% e 52% dos votos e José Serra teria entre 29% e 33%. O eleitor deu 46% para ela e 32% para ele.
O problema de quem acredita em fabulações é do crente e não da fábula.
Quanto a Lula e o PT, praticamente só colheram vitórias: transferência inédita e espetacular de todos os 47milhões de votos de Dilma; o primeiro lugar com 14 pontos porcentuais à frente da oposição; a dianteira em 18 estados da federação; maioria incontestável na Câmara e no Senado; derrota de adversários importantes (Tasso Jereissati, Artur Virgílio e Marco Maciel); eleição dos campeões de voto na coligação lulista: dos governadores com mais de 80% dos votos aos deputados Garotinho e Tiririca.
Apenas não se realizaram todos os desejos de Lula e isso foi o suficiente para que naquele momento se instalasse a frustração óbvia nos semblantes dos correligionários de Dilma e, sobretudo, para a ausência de Lula não frequenta cenário adverso.
Lula não conseguiu realizar a fantasia de ver o eleitorado fazer o cotejo entre ele e Fernando Henrique Cardoso e ainda viu a eleição surpreendente de Aluisio Nunes Ferreira ao Senado por São Paulo, o único a fazer de FH seu cabo eleitoral...
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